Você já sentiu que está sempre correndo, mas nunca chega lá?
A minha rotina como empreendedor é uma montanha-russa. Tem períodos em que os clientes somem e as contas começam a vencer. Em outros, o telefone não para de tocar, propostas entram e contratos fecham sem parar, e de repente a agenda está lotada. No meio disso, aparecem problemas inesperados que exigem o meu suporte imediato. Para piorar, eu preciso manter a mente aberta e leve para conseguir fazer o que sei fazer de melhor: criar.
Mas não é só o negócio que pesa. Existe uma velha máxima que diz: “problemas da empresa ficam na empresa e problemas pessoais ficam em casa”. Balela. Se você é o líder e carrega o peso do negócio nas costas, não tem como separar completamente. Por trás do CNPJ tem um CPF, e eu sinto isso na pele. Mesmo com 15 anos de empresa, ainda enfrento momentos em que a vida pessoal e familiar bate à porta no meio de um prazo apertado. Eu tento amenizar ao máximo, mas a verdade é que tudo se mistura. E se você, como eu, é alguém que tem empatia e se importa com as pessoas ao seu redor, isso pesa ainda mais.
Aqui vão 7 aprendizados que venho aplicando para lidar com a ansiedade no dia a dia:
- Definir limites claros de trabalho: Eu aprendi que empreender sem limites é como deixar a porta de casa aberta esperando o mundo inteiro entrar. Hoje tento ter horários de início e fim e respeitar pausas. Não é fraqueza, é sobrevivência.
- Atividade física regular: No meu caso, não basta só se mexer de vez em quando. Estabeleci como meta treinar no mínimo 3 vezes na semana, com objetivo de chegar a 5 (um dia de descanso) e, quem sabe, 6 no ápice — sem precisar ser algo bitolado. Movimentar o corpo é a forma mais eficiente que encontrei depois da última agência em que trabalhei para descarregar a tensão acumulada. Lá se vão alguns anos, e isso percebo que ajuda e muito.
- Respirar e organizar prioridades: Quando tudo parece urgente, nada é urgente. Além de manter meu Google Agenda sempre organizado, eu comecei a listar 3 prioridades reais diárias para reduzir o caos. Se sobrar tempo, eu incluo as tarefas menores. Assim, consigo manter o foco e não me perder nas micro situações que surgem ao longo do dia.
- Saber lidar com altos e baixos: Nas fases de baixa, controlo a ansiedade e busco estratégias para gerar novas oportunidades. Nas de alta, tento não me perder no volume e manter a leveza para criar. Surfar esses ciclos é um aprendizado constante.
- Delegar tarefas (mesmo sendo difícil): Como meu trabalho é criativo e tem uma pegada muito pessoal, delegar nunca foi fácil. Mas aos poucos venho passando a parte financeira e administrativa (ainda parcialmente) e alguns serviços menos estratégicos para outras pessoas. Isso libera espaço mental para eu focar no que realmente importa.
- Procurar terapia: Não, você não é louco. Procurar terapia pode ser uma ótima alternativa. Ter alguém de fora da empresa, da família ou do círculo de amigos observando os pontos de mudança é essencial. Geralmente, quem está próximo só quer agradar e raramente vai falar algo que te faça refletir de verdade. Para ser sincero, eu ainda não comecei, mas já agendei minha primeira sessão. Depois volto aqui para comentar.
- Música como terapia pessoal: Dentro da música, há três coisas que eu tenho certeza que me ajudam: ouvir, tocar e produzir. Ouvir música diariamente já é como escovar os dentes ou me alimentar — faz parte de mim. Voltar a tocar (seja violão, cavaco) me transporta para outro mundo, me centra nos acordes e escalas. Produzir é algo que sinto muita falta. Retomar a produção de músicas ou até mesmo programas de rádio pode me ajudar muito, pois me faz focar quase 100% na pesquisa de músicas, estilos, mixagem e no que vou falar. Isso é algo meu, mas você também pode ter uma atividade que te dá aquele frio na barriga de forma satisfatória — e não aquele gelo da ansiedade negativa.
Atividade física e produzir música são atividades que também consomem tempo. Mas para que isso seja possível, acho que tudo está ligado à gestão de tempo. A ansiedade não some da noite para o dia, mas pequenas mudanças constroem um novo ritmo. Ainda estou nesse processo, mas já sei que empreender com saúde mental é possível, e necessário.
Se você passa por algo parecido, comente abaixo e vamos abrir uma discussão sobre o assunto.
Por: Elisandro da Silva | criem.cc | TOSS Studio.
