A hotelaria vive uma contradição: é um dos mercados mais dependentes de marketing digital e, ao mesmo tempo, um dos mais difíceis de gerir. O que para o hóspede parece simples, pesquisar, clicar e reservar, por trás funciona como um sistema fragmentado, caro, lento, cheio de intermediários e vulnerável a falhas de tecnologia. A gestão de um hotel moderno se apoia em ferramentas que não falam a mesma língua, em integrações frágeis e em players globais que dominam as margens e a demanda.

Neste artigo, vamos destrinchar por que isso acontece, quais são as dores reais do mercado e qual é a saída mais plausível para um futuro menos dependente, mais lucrativo e mais estratégico.
A estrutura da hotelaria digital não nasceu integrada. Ela foi se formando em camadas, em décadas diferentes, com empresas diferentes, cada uma resolvendo um pedaço isolado do problema.
Segundo diversas fontes de marketing hoteleiro, cada tecnologia tem origem e propósito próprios, e isso se manteve até hoje, criando um ecossistema dividido.
Essas camadas são:
Nenhuma dessas tecnologias surgiu como parte de uma suíte única. Elas disputam mercado, têm modelos de negócio próprios e dependem da independência entre si para lucrar.
Isso explica o primeiro ponto: o sistema é complexo porque não foi criado para ser simples.
OTAs dominam o tráfego global e tornam os hotéis dependentes das tarifas dinâmicas e comissões. Isso reduz margens e atrasa crescimento sustentável.
Preço num sistema, disponibilidade em outro, campanhas em outro.
Uma falha de sincronização resulta em overbooking, perda de vendas ou discrepâncias.
Um hotel médio trabalha com 8 a 15 ferramentas separadas.
Qualquer queda, delay ou bug afeta vendas.
O gestor precisa acompanhar:
E quase sempre sem uma visão única.
Cada empresa protege seu território:
O resultado é uma teia de interesses que mantém tudo separado.
Isso não muda porque não há incentivo financeiro para unificar.

A pergunta é recorrente: Se todos os sistemas dependem uns dos outros, por que não existe uma plataforma que una PMS, Motor, Channel, CRM, site e chatbot em um único lugar?
A resposta é uma combinação de fatores:
Um PMS precisa ser robusto, fiscal, estável.
Um motor precisa ser leve, rápido e focado em conversão.
Um Channel Manager precisa conversar com dezenas de OTAs ao mesmo tempo.
Um CRM precisa lidar com LGPD, automações e segmentações.
Juntar tudo em um sistema só geraria algo pesado, lento e inseguro.
As plataformas não têm interesse em virar uma só.
E nenhuma delas quer assumir a responsabilidade total de tudo.
Um resort, um hotel corporativo e uma pousada boutique têm demandas completamente diferentes.
Uma solução universal provavelmente não atenderia bem ninguém.
Esse é o ponto-chave onde sua visão faz total sentido, e onde especialistas do setor também convergem.
Fontes mencionam que hotéis independentes, pousadas e chalés que investem em branding forte, marketing de conteúdo e experiência direta conseguem aumentar drasticamente a proporção de vendas diretas.
A lógica é simples:
Quando o hotel vira marca e não apenas empresa, ele deixa de competir somente por preço.
E quem controla a marca controla o relacionamento.
E quem controla o relacionamento reduz a dependência das OTAs.
É exatamente o modelo das pousadas de serra que constroem comunidades fortes, têm histórias, narrativas, conteúdo próprio e clientes fiéis.
Isso é disruptivo porque rompe o ciclo tradicional da hotelaria.
A saída não é criar “mais uma ferramenta”, e sim integrar melhor as existentes enquanto o hotel assume protagonismo na comunicação.
O modelo é composto por:
Essa estratégia transforma o hotel em uma marca que atrai, não apenas responde à demanda das OTAs.
