UX Design está ultrapassado? Por que o futuro é o Experience Design (XD)

Por que a transição de UX para XD é mais do que apenas uma mudança de sigla

Você pode estar pensando que estamos falando do Adobe XD… mas não é bem isso.
Embora compartilhem as mesmas letras, o XD aqui não é uma ferramenta — é uma evolução conceitual.
Estamos falando de Experience Design, ou Design de Experiência, uma abordagem que ultrapassa o digital e coloca a pessoa no centro da jornada, em todos os pontos de contato com uma marca.

Design de Experiência

Durante anos, o termo UX Design (User Experience Design) foi o norte de muitos profissionais que atuam na interseção entre tecnologia e pessoas. Mas o cenário mudou. Hoje, quando falamos de experiência, não estamos mais falando apenas de usabilidade em aplicativos ou websites. O novo horizonte atende por XD – Experience Design, ou simplesmente, Design de Experiência.

Mas será que isso é apenas uma jogada de marketing ou estamos mesmo vivendo uma nova era do design? A resposta não é simples. Neste artigo, vamos explorar as razões dessa mudança, exemplos reais e como isso impacta a prática dos designers.

A evolução de UX para XD: o que está por trás dessa transformação

1. Do usuário ao ecossistema de experiências

Enquanto o UX tradicional foca exclusivamente no usuário, o XD amplia o olhar para todos os pontos de contato entre a marca e o público — seja ele consumidor, colaborador, visitante ou parceiro. Entram em cena fatores como contexto, ambiente físico, impacto emocional e interações que vão muito além da tela.

2. Além do digital: o mundo real também é interface

Com o avanço de tecnologias como IoT, realidade aumentada, realidade virtual e o fortalecimento de experiências físicas, o papel do design passou a incluir o espaço físico, o som, o cheiro e até o tempo de espera. A Starbucks, por exemplo, é tão reconhecida pelo aroma do café quanto pelo seu app. A Disney cria magia não só em telas, mas em cada passo do visitante pelos parques.

3. Emoção como métrica central

A era do XD valoriza conexões emocionais. Mais do que tornar algo “usável”, a missão agora é tornar a experiência memorável. O sucesso não se mede apenas por cliques e testes A/B, mas por fidelidade, afeto e percepção de marca.

Exemplos que traduzem o Design de Experiência na prática

  • Disney: filas, trilhas sonoras, tecnologia de pulseiras e o próprio ambiente físico formam uma jornada completa.
  • Tesla: o design está nos detalhes, das atualizações automáticas à abertura das portas, sem falar na condução.
  • Starbucks: a personalização do nome no copo, o ambiente acolhedor, os sons e o app criam uma marca viva.
Propósito de Marca
Foto: pexels.com

E os designers, como ficam nesse cenário?

Se você ainda se vê como “Designer de UX”, não precisa se alarmar. A verdade é que o movimento para o XD é uma evolução natural da disciplina. Veja o que isso representa:

  • Pense além dos wireframes: branding, jornada omnichannel, service design e estratégias multissensoriais são agora parte do jogo.
  • Trabalhe de forma colaborativa: marketing, arquitetura, atendimento, tecnologia e até engenharia de som passam a fazer parte do time.
  • Foque nas métricas que realmente importam: satisfação, emoção, lealdade e valor percebido.

Mas afinal, o nome importa?

Há quem diga que trocar UX por XD é apenas uma jogada semântica, afinal, bons designers de UX sempre consideraram a jornada completa. Outros argumentam que o termo “UX” nunca foi sobre usabilidade apenas, e que essa nova roupagem esconde uma falta de profundidade ou até oportunismo de mercado.

“Design de Experiência foi uma das primeiras formas de descrever o que hoje chamamos de UX. Nada disso é novo para quem estudou a fundo a disciplina.”

“A Disney, por exemplo, é puro UX — cada ponto de contato foi projetado pensando no usuário.”

Essas críticas são válidas. Contudo, é inegável que o termo XD vem ganhando espaço por sinalizar uma visão mais ampla e menos técnica. Ele ajuda empresas, profissionais e clientes a compreenderem que o design hoje se estende a todos os sentidos e momentos da jornada.

Referências e profissionais que aprofundam esse debate

  • Don Norman, criador do termo User Experience, já sinalizou que o futuro do design vai além do digital e requer foco total no contexto humano.
  • Jesse James Garrett, autor de The Elements of User Experience, explora há anos o impacto do design fora das telas.
  • Alan Cooper e Steve Portigal também são referências quando se fala em design centrado nas pessoas e suas emoções.

Conclusão: mais do que nomes, o que importa é a essência

Nomenclaturas mudam com o tempo, e muitas vezes carregam modismos ou estratégias comerciais. Mas o foco central do design continuará sendo o ser humano — não importa se ele está com um smartphone na mão ou caminhando em um ambiente físico.

Na minha visão pessoal, o termo mais adequado seria XP – Person Experience, ou quem sabe IX – Individual Experience. Afinal, o objetivo maior segue sendo criar experiências significativas e humanas, com ou sem sigla.

Leia sobre: A Experiência do Usuário e a Person’s Experience.

Texto referência: Goodbye UX, hello Experience Design