Como provar seu valor como Designer em tempos de IA

Você já se perguntou como provar seu valor como designer em um mercado onde a inteligência artificial evolui todos os dias?

A cada nova atualização, mais tarefas são automatizadas, e a pergunta começa a surgir: será que o que eu faço pode ser substituído?

Se você é designer e já ouviu seus gestores discutirem sobre IA no fluxo de trabalho, sabe o quanto essa conversa pode gerar insegurança. A boa notícia é que ainda há muito espaço — principalmente para quem sabe se posicionar estrategicamente.

Neste artigo, você vai descobrir como ir além do portfólio para comunicar valor real como designer, fortalecer sua posição atual e crescer na carreira, mesmo sem um cargo sênior.

A IA não é mais um experimento: é uma realidade

Nos últimos meses, a inteligência artificial deixou de ser uma novidade distante para se tornar parte ativa no dia a dia de muitos profissionais — inclusive no design.

Lembra das imagens geradas por IA com mãos deformadas ou rostos irreais? Isso já está ficando para trás. A cada semana, surgem ferramentas mais refinadas, que entregam resultados mais rápidos, precisos e, muitas vezes, assustadoramente bons.

É aqui que muitos designers começam a se perguntar:

“Se a IA consegue fazer tudo isso, como eu provo meu valor como designer dentro da empresa?”

Essa é a pergunta certa — e também o primeiro passo para mudar o jogo. Porque o verdadeiro risco não está em ser substituído por uma IA, mas em não saber como se tornar indispensável mesmo com ela no ambiente.

Onde você se posiciona nessa transformação?

Antes de buscar reconhecimento, promoções ou novos cargos, você precisa entender onde está hoje. Aqui vão três perguntas simples, mas poderosas, que você pode (e deve) se fazer agora:

  • Você acredita que seu trabalho entrega algo que uma IA ainda não consegue replicar? Se sim, qual é o valor real disso para seu time ou empresa?
  • Você tem habilidades que vão continuar relevantes mesmo com os avanços tecnológicos? Se sim, o que está fazendo para fortalecê-las constantemente?
  • Você sabe usar IA para trabalhar melhor, e não menos? Se sim, como isso te ajuda a ser mais eficiente, estratégico e confiável?

Essas reflexões são essenciais para quem deseja entender como provar seu valor como designer — especialmente em cargos de nível médio, onde muitos profissionais se sentem estagnados.

O designer do meio: o apagamento do nível intermediário

Se você é designer de nível intermediário, talvez esteja passando por uma fase silenciosa da carreira. Já não é mais júnior, mas ainda não tem o reconhecimento de um sênior. E com a chegada da inteligência artificial, muitos profissionais neste estágio se sentem ainda mais pressionados.

Essa sensação, aliás, não é nova. Eu mesmo vivi isso no início da minha trajetória, lá pelos anos 2005 a 2010.

1. O universo inalcançável do 3D

Naquela época, ferramentas como Maya, Autodesk 3ds Max, Cinema 4D, Blender e AutoCAD dominavam a produção 3D.

Eu achava incrível o que era possível criar, mas havia uma barreira que me afastava completamente: o tempo de render. Você criava, esperava horas — às vezes uma madrugada inteira — para ver o resultado. E ainda precisava de uma máquina absurdamente cara para dar conta disso.

2. As manipulações surreais do Worth1000

Outro fenômeno da época era o site Worth1000, um lugar onde grandes designers do mundo inteiro publicavam suas manipulações surreais de imagem. Muitas eram bizarras, outras brilhantes — mas todas me deixavam de queixo caído.

Era o tipo de conteúdo que me fazia abrir o Photoshop com admiração e medo ao mesmo tempo. Nesse caso, consegui me aproximar mais rápido. A edição 2D estava mais acessível, e o Photoshop era meu playground. Mas ainda assim, havia um abismo técnico entre a ideia e a execução.

Agora pense nisso: tudo aquilo que parecia distante ou restrito a profissionais muito avançados, hoje pode ser feito com alguns prompts e poucos minutos.

A IA derrubou muitas barreiras. E isso muda tudo — inclusive o papel do designer de nível médio.

Como provar seu valor como designer (mesmo sem o cargo de sênior)

Você já domina ferramentas, tem bom senso estético e sabe conduzir projetos com alguma autonomia. Mas ainda se pergunta: como provar meu valor como designer sênior sem ter esse cargo oficialmente?

A resposta está menos no título e mais no posicionamento estratégico que você adota no dia a dia.

Melhore sua função atual antes de buscar o próximo cargo

Você não precisa esperar um novo emprego ou cargo para agir como sênior. A primeira mudança precisa acontecer dentro da sua atuação atual.

Aqui vai um caminho prático:

  • Identifique problemas reais de design no seu produto, serviço ou fluxo
  • Documente esses problemas com clareza, incluindo impacto no usuário ou na performance
  • Pesquise referências, dados e alternativas viáveis — traga embasamento
  • Crie uma proposta de solução, mesmo que seja um protótipo simples
  • Apresente aos seus líderes, mostrando não só o problema, mas o benefício da solução

Quando você toma a frente e propõe melhorias sem que alguém peça, já está exercendo um papel de liderança de design. Isso é atitude de designer sênior.

Sênior é quem resolve, não quem executa apenas

No final das contas, o que separa um designer júnior de um sênior não é o domínio técnico, mas a capacidade de tomar decisões estratégicas com base em contexto, impacto e resultado.

E isso também vale para o uso da IA. Um designer sênior não tem medo de usar tecnologia, mas sabe onde ela ajuda — e onde ele ainda é insubstituível.

Como usar a IA a seu favor para se tornar indispensável

Se a IA chegou para acelerar processos, por que não usá-la para amplificar suas habilidades ao invés de substituí-las?

1. Ganhe tempo nas fases mais repetitivas

  • Gerar variações rápidas de layout com plugins do Figma
  • Criar imagens de apoio com Midjourney, DALL·E ou Leonardo AI
  • Produzir cópias iniciais com ChatGPT e ajustar depois
  • Automatizar testes de contraste, acessibilidade e responsividade

2. Teste ideias com rapidez e confiança

Ao invés de passar dias em uma direção que pode não funcionar, a IA permite:

  • Visualizar conceitos rapidamente
  • Fazer testes de público com ferramentas como Maze
  • Criar múltiplas versões de uma apresentação em minutos

3. Posicione-se como alguém que entrega mais valor

Quando você domina a IA como ferramenta e não como muleta, se torna mais relevante. E isso mostra que você está acompanhando as mudanças do mercado.

“Como posso ser ainda mais indispensável usando tudo que a IA oferece?”

Conclusão: seu valor vai além do portfólio

Em um mercado onde tudo muda rápido — tecnologias, ferramentas, processos — o verdadeiro diferencial não está apenas no seu portfólio, mas em como você pensa, age e se posiciona.

Saber como provar seu valor como designer vai muito além de dominar ferramentas. Trata-se de:

  • Ter visão de produto e de negócio
  • Antecipar problemas antes que eles explodam
  • Propor soluções com base em dados e empatia
  • Usar a tecnologia como aliada, não como ameaça
  • Se comunicar com clareza e defender suas decisões

Essas são características de um designer sênior — mesmo que seu crachá ainda diga “pleno” ou “intermediário”.

A verdade é que o título pode vir depois. Mas a atitude precisa vir agora.

“Se o seu portfólio mostra o que você já fez, sua postura mostra o que você ainda é capaz de fazer.”

Quer continuar crescendo como designer estratégico?

Assine a newsletter do criem.cc e receba conteúdos práticos, provocativos e focados no crescimento criativo com propósito.