O desafio de ser um Exército de um Homem só

Parafraseando a música dos Engenheiros do Hawaii, ser o único designer de um time é como ser “um exército de um homem só”. Seja dentro de uma empresa, como autônomo (freelancer), MEI ou em um pequeno estúdio, a responsabilidade de criar e entregar soluções de design recai inteiramente sobre você. Branding, UX, interface, pesquisa, service design, identidade visual, redes sociais – tudo está nas suas mãos. Além disso, é comum precisar lidar com clientes, reuniões, prazos e a gestão do próprio negócio.

Exército de um Homem só

Foto: IA por TOSS Studio

Sem organização, essa sobrecarga pode rapidamente se transformar em um ciclo de urgências constantes, prazos apertados e expectativas desalinhadas. O que deveria ser um espaço para criatividade e estratégia pode facilmente se tornar um terreno de batalhas diárias contra demandas descontroladas. No entanto, apesar dos desafios, atuar sozinho pode ser uma das experiências mais enriquecedoras para sua carreira. Quando não há um time para dividir as tarefas, o aprendizado acontece de forma intensa e acelerada. Você desenvolve autonomia, aprende a tomar decisões estratégicas e descobre como gerenciar demandas de maneira eficiente.

Muitos designers que trabalham sozinhos, seja dentro de uma empresa ou por conta própria, enfrentam um cenário sem processos bem definidos. Isso significa que estruturar o fluxo de trabalho pode depender exclusivamente de você. Se, por um lado, isso gera ansiedade, por outro, abre espaço para que você construa um sistema eficiente e torne sua atuação mais estratégica.

Transformando o caos em estrutura

Para evitar que as demandas se acumulem e o trabalho se torne desorganizado, algumas estratégias são essenciais:

  1. Priorização Transparente

Seja dentro de uma empresa, com clientes fixos ou como freelancer atendendo diversos projetos, definir prioridades publicamente ajuda a reduzir expectativas irreais. Criar um quadro visível para a equipe ou para os clientes (em ferramentas como Asana, Notion ou Trello) facilita o entendimento de quem precisa de quê e quando isso pode ser entregue.

  1. Recursos para solicitação de Projetos

Sem um sistema claro, as demandas chegam de todos os lados – e de forma desorganizada. Se você trabalha dentro de uma empresa, pode implementar um formulário padronizado para novos pedidos. Se atua de forma independente, pode oferecer um briefing estruturado para seus clientes. Esse processo ajuda a filtrar o que realmente precisa ser feito, evitando pedidos vagos ou mal detalhados.

  1. Gestão de Expectativas (Um dos pontos mais importantes)

Empresas, clientes e equipes têm diferentes expectativas – nem sempre realistas. Um chefe pode querer um projeto para ontem, enquanto um cliente pode esperar que um orçamento enxuto cubra um trabalho complexo. Definir prazos reais, explicar as etapas do processo e ser transparente sobre o que é viável evita frustrações e torna o trabalho mais sustentável.

  1. Documentação: O Segredo para Sobreviver

Se você já passou por retrabalho porque uma decisão foi alterada no meio do caminho, sabe o valor da documentação. Anotar processos, decisões e manter templates organizados pode economizar tempo e garantir consistência no design. Ferramentas como Google Docs, Asana e Figma podem ser aliadas na criação de sistemas organizados que facilitam a rotina.

Exército de um Homem só

Foto: IA por TOSS Studio

Construindo um relacionamento forte com Clientes e Equipes

Seja em uma empresa ou atuando como autônomo, a comunicação clara é essencial para evitar desgastes. Para designers que trabalham sozinhos dentro de um time maior, alinhar processos com desenvolvedores, gerentes de produto e outras áreas evita ajustes constantes e garante entregas mais fluidas.

Para freelancers ou pequenos estúdios, um bom relacionamento com clientes faz toda a diferença. Ter um contrato bem estruturado, definir prazos realistas e manter uma comunicação objetiva evita dores de cabeça e contribui para um fluxo de trabalho mais eficiente.

Aprendizado contínuo: Você nunca está sozinho

Muitos designers que trabalham sozinhos sentem que estão isolados, mas a verdade é que a comunidade criativa é vasta e acessível. Participar de grupos, buscar mentorias, trocar experiências e manter o hábito de estudar novas metodologias são práticas fundamentais para continuar evoluindo.

Além disso, trabalhar sozinho não precisa ser uma condição permanente. Muitos designers começam como freelancers e depois estruturam seus próprios estúdios. Outros começam como profissionais únicos dentro de uma empresa e, com o tempo, ajudam a formar um time. O importante é enxergar essa fase como uma oportunidade de aprendizado e crescimento.

Conclusão: Ser o único designer, seja em uma empresa, como freelancer ou em um pequeno estúdio, é desafiador, mas também pode ser um dos maiores impulsos para sua carreira. A chave para transformar essa experiência em algo positivo está na organização, na gestão eficiente de demandas e na construção de bons relacionamentos profissionais.

Se você se encontra nessa posição, saiba que o aprendizado será valioso. Organize-se, documente seus processos, estabeleça prioridades e aproveite essa jornada. Afinal, liderar o design sozinho pode parecer desafiador, mas também pode ser a melhor escola para se tornar um profissional mais estratégico e preparado para novos desafios.

Esse artigo foi inspirado no vídeo do Apparicio Junior, Realidade de ser o único Designer do time: Desafios e Soluções Práticas, mas também carrega uma forte influência da minha iniciação no design dentro da caserna militar. Por isso, a analogia com a música dos Engenheiros do Hawaii fez tanto “sentido”.

Por: Elisandro da Silva | Creator